quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Show do Living Colour (Outubro de 2009)

O Living Colour demonstrou, em um show intenso, que a carreira da banda vai bem além dos hits, como “Cult of Personality” e “Glamour Boys”, que não ficaram de fora. O Circo Voador, na Lapa, ficou agitado e, em algumas situações, como na música “Open Letter To A Land Lord”, teve seu público emocionado, em meio a um repertório entre versões diversas e interessantes para alguns clássicos e canções que, apesar de não terem alcançado o título de hit, têm qualidade inegável.

Desde o início do show, o público foi bem receptivo, demonstrando um sincero interesse em ouvir a banda, que se caracteriza sempre por misturar diversos ritmos em suas músicas, como o Hard Rock, ritmos caribenhos (como o que marca a música já citada “Glamour Boys”), Pop, ritmos à “Black music”, entre outros.

A banda demonstrou, ao decorrer do show, toda a empolgação de tocar no Brasil e o envolvimento entre banda e público foi marcado por um show receptivo por ambas as partes.

De músicas mais pesadas, como em “Time’s Up”, “Go Away” e a famosa “Type”, a músicas mais tranqüilas e viajantes, como na já citada “Open Letter to A Land Lord”, o repertório abrangeu várias fases da banda. A maior parte das canções recebeu uma roupagem ainda mais pesada, porém altamente bem vinda, do que nas versões originais, graças principalmente à densidade das bases do guitarrista Vernon Reid.

Os solos de cada instrumentista foram, também, um show à parte e serviram para dar um gás para as músicas seguintes no show.

O Bis, tão bem executado como o restante do show, também empolgou em cheio aos fãs, quando foi tocada a balada “Love Rears It’s Ugly Head”, um cover para “Crosstown Traffic” (Jimi Hendrix) e, em seguida, também um cover para “Sunshine Of Your Love”, do Cream.

Um show nada óbvio e muito empolgante, eclético e muito bem executado pelos excelentes músicos que formam o Living Colour, entre eles o renomado guitarrista Vernon Reid e o vocalista inconfundível Corey Glover, que demonstrou ótima forma em todas as músicas, provando sua alta competência vocal depois de tantos anos de carreira.

Clássico remasterizado: 'Tudo Foi Feito Pelo Sol' (Mutantes, 1974)


Pouca gente se lembra ou ao menos conhece a história da fase mais progressiva dos Mutantes, que se inaugurou após a saída de Rita Lee e Arnaldo Baptista (teclados) da banda. Sérgio Dias (guitarra) poderia ter desistido da empreitada, já que, com o tempo, os membros que restariam - o baterista Dinho e o baixista Liminha, este que chegou a compor quatro das oito faixas do álbum em parceria com Sérgio Dias – saíram da banda.

O disco ‘Tudo Foi Feito Pelo Sol’ foi marcado por um ambiente “carioca” na banda. Na época, entre as gravações do disco, que marcou o Rock Progressivo nacional, a banda transitava pelo Jardim Botânico e por um sítio em Itaipava.

Transbordando arranjos psicodélicos e marcantes, ora sutis ora intensos, como nos dedilhados hipnóticos e galopantes e solos viajantes de Sérgio Dias, nas camadas de teclado do mineiro Túlio Mourão, em meio aos graves marcantes do niteroiense Antônio Pedro de Medeiros e o ritmo preciso e criativo do baterista seu conterrâneo Rui Motta, a banda empolga em cheio, principalmente a quem é fã de Rock Progressivo. Porém, as faixas são recheadas de elementos diversos que agradam em cheio fãs de qualquer estilo que engloba a nata do Rock psicodélico dos anos 70 em geral.

Embora as canções se mostrem enriquecidas com uma intensa força instrumental, as letras e o vocal espontâneo de Sérgio Dias também marcaram presença nesse disco dos Mutantes, que chegou à marca de quase 30 mil cópias vendidas.

O sucesso de crítica e público a partir do álbum mostrou que os Mutantes, apesar de trilharem um caminho sonoro diferente do anterior, conseguiram driblar as dificuldades através do talento e da criatividade em canções empolgantes.

Vale lembrar que a versão remasterizada em CD traz três faixas bônus, entre elas a polêmica “Cavaleiros Negros”, que, na época, foi modificada para “Cavalinhos Negros” devido à censura.