quarta-feira, 27 de maio de 2009

Resenha literária: 'Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres', de Clarice Lispector



“Brilhantemente desafiador e sensível” seria, talvez, a definição mais cabível a esse romance de Clarice Lispector, que escreveu essa obra com sensibilidade e um uso totalmente original e belo das palavras.

Lóri e Ulisses, principais personagens da trama, formam, ao decorrer da estória, uma relação de aprendizado a partir da compreensão de seus sentimentos referentes um ao outro, principalmente por parte de Lóri.

O casal, formado por duas pessoas aparentemente díspares – embora com algumas semelhanças, como ambos serem professores -, demonstra suas diferenças de comportamento durante o relacionamento, partindo de experiências que as levam a diferentes interpretações pessoais e subjetivas através de um contínuo aprendizado.

Lóri, uma mulher tímida e pouco conhecedora de si mesma, aprende, com Ulisses, a amar e a se portar de forma diferente diante do mundo. Ulisses tenta ensiná-la a estar “preparada” para evoluir dentro da relação entre os dois e em si mesma.

O romance mostra que, com o aprendizado de um relacionamento e, posteriormente, da vida social, personagens aparentemente distintos podem se completar ou se sentir dependentes um do outro. Esses aprendizados e experiências acabam por se tornar enigmas a serem descobertos pelo leitor paralelamente aos personagens, o que gera uma reflexão subjetiva, porém muito eficaz sobre nós mesmos como seres humanos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Definição de um jornalista

Jornalismo é, em tese, um funil de letras por onde as informações cotidianas, porém, surpreendentemente imprevisíveis, passam para o papel. Neste processo, diariamente realizado, há um sujeito incansável na busca por constantes inspirações - mesmo que sejam, por muitas vezes, desastres, acidentes, entre outras formas de caos - para, pelo menos, tentar escrever algo que seja importante para o leitor. Às vezes surpresas (boas ou ruins), outras vezes fatos óbvios, mas não menos importantes.

O tal sujeito, contrariando o que muitos pensam a seu respeito, não é um robô programado para escrever sem sentimento ou indignação. Apenas é democrático. Compartilha os fatos ou experiências, deixando que o leitor de seus textos tire suas próprias conclusões.

Apesar de contido, ele nem sempre é bonzinho. Às vezes, por entusiasmo ou falta de inspiração, se vê escrevendo além ou aquém do quanto deveria.

Um jornalista é um ser humano que, através de palavras, define, querendo ou não, o que é verdade, o cotidiano e a própria vida que o cerca.